domingo, 23 de junho de 2013

Carta.

          Há no livro bíblico de 1 Tessalonicenses 3.2-6 o relato de que Timóteo, companheiro de ministério do apóstolo Paulo, e servo fiel de Jesus, levou ao seu amigo boas notícias do ministério que tinha ido visitar. Timóteo não se deteve nos defeitos que certamente encontrou por lá. Ele viu os motivos de alegria, e foi a isso que deu valor.
          O contexto sabidamente não é o mesmo, mas me fez pensar no caso de alguém ter que levar notícias da minha vida pra outro alguém. Como seria uma carta escrita sobre mim? E como seria uma carta escrita sobre ti?
          Talvez uma carta de nós mesmos descreveria características de alguém que não queremos ser. Talvez houvesse algum registro com relação à nossa falta de coragem diante de novos desafios. Ou sobre a nossa não completa integridade nos relacionamentos ou nos negócios. Ou talvez precise haver algumas frases falando o quanto somos insatisfeitos com nossas condições de vida, e reclamamos da nossa casa - que é pequena, do nosso carro - que não é o do ano, das roupas - que não acompanham o último grito da moda, ou até dos amigos - que podem ser chatos às vezes. Na carta sobre nós talvez conte sobre nossa falta de tempo para o que é de fato relevante, como passar um tempo com a família, sem internet, sem tevê e sem celular, só gente, cara a cara, olho no olho, ouvindo e falando o que se passa no pensamento e no coração.
          Mas, embora haja muitas coisas que não queremos ver escritas em nossas cartas, mas estão, há de ter boas referências sobre nós. Atitudes das quais nos orgulhamos e queremos contar. Dias felizes que desejamos reviver. Palavras que falamos e acalentaram um coração em sofrimento. São a essas lembranças que se deve dar valor. Há sempre uma oportunidade de recomeçar, de ver por um outro ângulo os dias difíceis e fazer deles o registro de um dia colorido. Há de haver uma outra maneira de ver as coisas. Sempre há. 
         Tem algo chamado FÉ, que é a firme certeza do que não vemos, mas que pode vir a acontecer. Nossa fé, firmada em Cristo, em dias melhores, pode nos dar uma outro visão, um outro olhar, e nos ajudar a testemunhar que embora tenhamos momentos indesejados, nós o transformamos em aprendizado, em experiência para um futuro que teremos, e que será escrito com sabedoria.
          É o exemplo de Jesus que nos assegura a chance de arriscar, de ousar, de sair da rotina, de desligar o telefone e conversar cara a cara, dando valor às pessoas, como Ele fazia, e não às coisas. Ele é o exemplo de amor altruísta, que não desejava nada além do bem estar do outro. Exemplo de contentar-se com o que se tem, de querer sim o melhor, mas sem menosprezar o que Ele mesmo já nos deu. Exemplo de alegria, mesmo em dia nublados... de dependência, sabendo que tudo depende do Pai, e Ele faz sempre tudo pelo melhor. Exemplo de vida... vida com vida... deixando registros capazes de transformar, de animar, de enfeitar a vida de quem, por acaso, ler a carta da nossa vida.

Um comentário:

  1. Concordo contigo, Renata! A vida é muito atribulada mesmo... Deveríamos nos desligar mais, dar mais atenção ao que realmente importa. Também gostaria que dessem boas recomendações de mim se algum dia fosse preciso, hehe. Lindo texto! Bjss

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