quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma parábola para hoje (2)

Certo agricultor empreendera toda sua vida em espalhar sementes pela terra. Essa era a sua missão. E a sua missão o deixava feliz, tanto que não desistia dela nem em troca das maiores riquezas do mundo.

Ele era um agricultor especial... não deixava de investir os seus esforços em nenhum tipo de porção de terra, ainda que esta parecesse totalmente inapropriada para o cultivo. Ele tinha esperança, e lançava suas sementes por onde quer que fosse, todos os dias.

Observador como ninguém e sempre atento e cuidadoso com sua missão, o agricultor retornava de tempos em tempos para apreciar o desenvolvimento do seu trabalho. Assim, ao longo dos anos, pode ver diferentes tipos de solos.

Uns eram simplesmente porções de terra às margens da estrada, assim como corações às margens da vida. Não acolhem nada, deixam as sementes, ou as palavras, expostas de modo que qualquer ave ou qualquer brisa podem levá-las para longe e dissipá-las pelo ar.

Outros são de pedra, tanto solos quanto corações, e até podem ser bonitos de se ver, originais, mas são superficiais, e não suportam nada que necessite de profundidade. Assim, quando o sol bater e quando for necessário que a raiz faça o seu trabalho, isso não será possível, porque a semente não se fixou e a palavra nem alcançou o lugar onde poderia transformar-se.

Outros solos ainda, como o agricultor pode notar, são rodeados por espinhos, assim como algumas mentes e corações são rodeados por dúvidas, preconceitos e hipocrisias. E cada vez que os espinhos crescem por sobre as sementes, elas se sufocam, desaparecem, morrem sem ter a oportunidade de dar o fruto a que fora destinada.


E para que a missão do agricultor não fosse inútil e nem somente coroada de fracassos, ele pode também encontrar solos que puderam receber e envolver a semente que ele lançara, acolhê-la em seu interior e dar-lhe o espaço, o tempo e tudo mais que fosse necessário ao seu desenvolvimento. Exatamente como quando há um coração preparado o bastante para receber qualquer tipo de palavra e deixá-la cumprir seu dever.

Este constante agricultor, em sua caminhada e diante de suas observações pode também saber que a mesma porção de terra que outrora fora apenas a margem do caminho, ou uma porção de terra chaia de pedras ou de espinhos, podia com o tempo, em outro momento, transformar-se numa porção de terra boa para o cultivo. E exatamente por isso esse atento agricultor recomeçava seu trabalho todos os dias, na esperança de ver suas sementes florescerem em todos os lugares. Da mesma forma que o Agricultor dos corações não deixa de lançar Suas sementes nem por um só dia que seja, na esperança de ver também os Seus frutos ao longo do caminho. Ao longo das nossas vidas. Através das nossas vidas.

R. 19.11.09

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